Você fechou os olhos, quase pude
sentir seu último suspiro.
Sentia-se a dor impregnada no ar, no
olhar, no amar.
Eu queria poder vê-la, ouvi-la, não
somente senti-la.
Se eu a ouvisse, eu poderia ligar os
fones no último volume a fim de não ouvi-la gemendo, gritando,
chorando?
Se eu a visse, eu poderia parar seus
espasmos, tranquilizar seus tremores?
Olhou para o céu. Será que você sabe
o que há por trás das nuvens?
Respirou fundo, sentiu o cheiro de café
em suas narinas. Irônico não?! O café não nos ajuda a ficar
acordados?!
O sol estava lá, o vento também,
estremeci.
Você falou algo bobo, que eu não me
lembro, só sei que ri, de você, sorri, pra você só pra você. Me
peguei pensando quando veria um sorriso sincero seu, outra vez.
Tempo. Cheguei, atrasada. Entretanto,
mesmo que você não saiba, parte do meu coração já está morando
com você há tempos. Ficou completo, doeu.
Cuida dele. É como abrir um buraco no
peito ter que pedir pra outra pessoa cuidar de alguém que você
mesmo quer cuidar, mas está de mãos atadas.
Lado a lado, você fechou os olhos
novamente, sentiu o vento bater em seu rosto, o sol se pondo e eu
quis te pôr no colo, parar o tempo e tirar aquela dor com minhas
próprias mãos, em vão.
Um segundo depois, você abriu os
olhos, suspirou mais uma vez, e eu soube, que sem mim, ela passaria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário